Plenário do Senado: 54 das 81 cadeiras serão renovadas na eleição do ano que vem. (Foto: Marcos Oliveira/Agência Senado)
Daqui a um ano, os paranaenses renovarão duas das três cadeiras do estado no Senado − serão eleitos novos ocupantes para as vagas de Gleisi Hoffmann (PT) e Roberto Requião (PMDB). O cenário, porém, é repleto de incertezas. Em primeiro lugar, pelo próprio sistema eleitoral em si. A tendência é que os eleitores se concentrem nos dois cargos ao Executivo que estarão em disputa, à Presidência da República e ao governo estadual, e de certa forma ignorem a escolha ao Senado. Na verdade, as escolhas. Ter de votar duas vezes para senador mais confunde que esclarece a cabeça da população, sobretudo em meio a seis votos de uma vez: presidente, governador, dois senadores, deputado federal e deputado estadual.
Soma-se a isso a incógnita em torno de quais serão os candidatos. O sonho de consumo de vários partidos é lançar o procurador Deltan Dallagnol, responsável pela força-tarefa da Lava Jato, de olho no discurso anticorrupção. Além disso, a candidatura do governador Beto Richa (PSDB) segue cercada de mistério. Hoje, aliados dizem que ele está mais propenso a não participar do pleito.
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Veja quem são os pré-candidatos ao Senado pelo Paraná em 2018:
Procurador do MPF sem partido
Coordenador da força-tarefa da Operação Lava Jato no Ministério Público Federal (MPF) do Paraná, o procurador Deltan Dallagnol é tido no meio político do estado como virtual candidato e favorito a uma das duas vagas. Em meio à crise de credibilidade da classe política, ele seria o nome perfeito para adotar o discurso anticorrupção. Boatos dão conta de uma aproximação dele ao Podemos, de Alvaro Dias, ou à Rede Sustentabilidade, de Marina Silva. Dallaganol, porém, nega que esteja negociando a candidatura dele. Mas, ao mesmo tempo, nunca descartou com veemência a possibilidade de disputar o cargo de senador.
Gustavo Fruet, ex-prefeito de Curitiba e ex-deputado federal PDT
Derrotado na tentativa de se reeleger prefeito de Curitiba no ano passado, Fruet automaticamente passou a ser citado como provável concorrente ao Senado. Em 2010, depois de três mandatos como deputado federal, bateu na trave ao perder a segunda cadeira de senador em disputa para Requião, por uma diferença de apenas 190 mil votos. Agora, com o comando da prefeitura da capital no currículo, pode ter melhores chances. Adversários, porém, consideram que a pouca força no interior do estado torna a candidatura do pedetista inviável.
Gleisi Hoffmann Senadora PT
Num cenário normal, Gleisi disputaria a reeleição ao Senado com grandes chances de ser reeleita, depois de ter sido ministra da Casa Civil de Dilma Rousseff e chegado ao posto de presidente nacional do PT. No meio do caminho, entretanto, houve a Operação Lava Jato. A petista já é ré no Supremo Tribunal Federal (STF) sob a acusação de que teria recebido R$ 1 milhão de propina na eleição de 2010, oriunda do esquema de corrupção na Petrobras. Diante disso, o mais provável é que ela se candidate a deputada federal, para fortalecer a bancada do PT em Brasília e, também, manter o foro privilegiado.
Alexandre Kireeff, ex-prefeito de Londrina , Podemos
Empresário sem ligação com o dia a dia político-partidário do estado até então, Alexandre Kireeff se aproveitou justamente desse fator e, em 2012, conquistou o eleitorado londrinense, já cansado depois da cassação de dois prefeitos. Mas tão surpreendente quanto essa vitória foi a decisão, quatro anos mais tarde, de não disputar a reeleição mesmo tendo 65% de avaliação ótima ou boa. Recentemente, filiou-se ao Podemos, do senador Alvaro Dias, e pode fazer o papel da chamada “terceira via” na corrida ao Senado, amparando-se na imagem de gestor já experimentado na segunda maior cidade do Paraná e de político que não tem apego ao cargo.
Ney Leprevost, Deputado Estadual PSD
Ex-vereador em Curitiba e deputado estadual no terceiro mandato consecutivo, Leprevost considera ter subido de patamar depois de ficar muito perto de se eleger prefeito da capital no ano passado – foi derrotado por Rafael Greca (PMN) por apenas 56,5 mil votos de diferença. O parlamentar aposta nessa força conquistada em 2016 para, desta vez, ter sucesso numa disputa majoritária. Além do apoio dos eleitores curitibanos, ele vê a chance de decolar no interior fazendo campanha com Ratinho Jr. a tiracolo, que é do mesmo partido dele e um dos nomes favoritos ao governo do estado. Não há como prever, porém, se isso será suficiente para tirá-lo do anonimato para a maior parte do eleitorado paranaense.
Roberto Requião Senador PMDB
Talvez o político mais vitorioso da história recente do estado, Requião vem se dando ao luxo de navegar com um pé em cada canoa até aqui. Por repetidas vezes, o peemedebista tem usado o Twitter com frases que dão todo o indicativo de que ele tentará se eleger governador pela quarta vez. A missão, porém, não seria simples, diante da carência de apoios no interior, da divisão interna do PMDB no estado e da carga da imagem de defensor do ex-presidente Lula. Já se ele optar por disputar a reeleição, esses problemas tenderiam a se diluir, numa eleição com duas vagas e que costuma tornar vitoriosos nomes já consolidados.
Beto Richa, Governador PSDB
Para um governador em vias de encerrar o segundo mandato, o natural seria buscar se eleger senador. Não para Beto Richa. Todos os aliados dizem que ele só tomará essa decisão perto do dia 7 de abril do ano que vem, prazo final para renunciar ao governo do estado se quiser ser candidato. Hoje, o tucano estaria inclinado a não disputar o pleito. Além do risco de derrota devido ao desgaste de popularidade, ele gostaria de comandar o jogo eleitoral fazendo o sucessor e de evitar uma mudança de rumos no Palácio Iguaçu ao ter de deixar o cargo nas mãos da vice Cida Borghetti (PP). Por outro lado, ser candidato significaria fortalecer a própria trajetória política, o projeto nacional do PSDB e os nomes do filho e do irmão para deputado estadual e federal, respectivamente.
Rubens Bueno, Deputado Federal PPS
Ocupando cargos eletivos desde 1983, Rubens Bueno ganhou certa notoriedade nacional como atual líder do PPS na Câmara. No posto, tornou-se um dos principais porta-vozes contra a ex-presidente Dilma Rousseff (PT) e, agora, contra o presidente Michel Temer (PMDB). Só isso, entretanto, não deverá bastar para viabilizar a candidatura dele ao Senado. Nas duas vezes em que disputou o governo do estado (2002 e 2006), por exemplo, não passou do quarto lugar. A especulação em torno do nome dele parece mais uma forma de marcar posição, já que o PPS, ao menos por ora, pretende lançar o prefeito de Guarapuava, Cesar Silvestri Filho, para o governo do estado. Nenhuma das duas candidaturas, porém, deve prosperar diante das dificuldades do partido em buscar legendas aliadas, que já circundam os pré-candidatos considerados favoritos.
Christiane Yared, Deputada Federal PR
Deputada federal mais votada do Paraná em 2014, Christiane Yared aposta em ser um nome que corra por fora, de certa forma distanciada dos políticos tradicionais em meio ao completo descrédito da categoria. A parlamentar garante que, ao longo do atual mandato, conseguiu construir pontes e angariar apoios no interior, já que foi eleita para a Câmara basicamente com votos de Curitiba. No entanto, em um partido relativamente pequeno como o PR, ela pode encontrar dificuldades para fazer decolar uma campanha contra figurões, como Richa e Requião.
FONTE: GAZETA DO POVO