quinta-feira, 28 março 2024
UMUARAMA/PR

Vídeo mostra policial e namorado apedrejando festa antes de disparo que matou copeira

Vídeo mostra policial e namorado apedrejando festa antes de disparo que matou copeira

video caso rosaira
Foto: Reprodução

Um vídeo de câmeras de segurança da vizinhança da policial Kátia das Graças Belo, que confessou ter atirado para tentar cessar o barulho de uma festa de confraternização de uma empresa, mostra ela e o namorado apedrejando o local, antes do disparo de arma de fogo. A copeira da empresa que participava da festa, Rosaira Miranda da Silva, de 43 anos, foi baleada na cabeça e morreu dias depois. As imagens registradas constam nos autos dos inquéritos e serão usadas pela promotoria. Kátia afirma, em depoimento, que atirou da janela de casa por conta da doença do pai e de uma Tensão Pré-Menstrual (TPM) muito agressiva. O processo não está em segredo de Justiça.

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Para o advogado que representa a família da trabalhadora morta, Ygor Nasser Salah, não há dúvidas de que a ação dela e do namorado mostram que o crime foi premeditado. “Esse vídeo mostra atos preparatórios do crime. Ela arremessa pedras, junto com o namorado, em direção à festa. Pedras grandes, não são pedregulhos ou pedrinhas, são pedras grandes, maiores que uma bola de ping-pong, que se atingissem alguém, certamente, já causariam lesão corporal”, analisa.

As imagens mostram o momento em que o namorado da policial se aproxima do portão e ela também, logo em seguida. Ele aponta para o local onde a confraternização acontecia e os dois ficam esperando. O homem então, pega pedras do chão, joga por cima do portão e corre para o outro lado da rua. Nessa mesma hora, Kátia saca a arma na mão direita. Outra pedra parece voar em direção aos convidados. Os dois, então, saem do campo da câmera. (Assista ao vídeo no fim da reportagem)

Para a Justiça, a policial alegou que ouviu um barulho e que pensou que alguém pudesse estar escondido entre as árvores. “Foi ele que comentou comigo que tinha visto um vulto e que alguém teria corrido para atrás do container. Ele disse que iria arremessar a pedra para ver se alguém se manifestava”, justifica a policial.

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Policial Kátia em depoimento à Justiça. Foto: Reprodução

Depoimento

O advogado Ygor Nasser Salah enxerga o depoimento da policial como uma linha paralela aos reais fatos, já que há contradição, em alguns pontos. “É um depoimento totalmente descompromissado com a verdade, que eu encaro, até mesmo, com tom de sátira, não percebo que a pessoa que está sendo ouvida está levando aquele compromisso com a Justiça a sério. Ela imputa a responsabilidade do ocorrido a uma crise de tensão pré-menstrual (TPM). Certamente, um profissional da área médica poderá esclarecer ainda mais sobre os sintomas, efeitos colaterais e tudo que pode ocasionar. Entretanto, isso poderá avaliar também que essa tensão seria incapaz de levá-la ao extremismo, como dar um tiro em alguém por conta de um estado provisório. Assim como a doença do falecido pai, do qual eu respeito muito, de maneira alguma quero afrontá-la, trato esse assunto com muito respeito a ela e os familiares, mas tudo isso é questionável, até porque o pai dela já tinha falecido e essas situações já tinham acontecido antes. Nada é justificável”, critica.

Contradições

O vídeo também revela outra contradição da policial sobre as vestes que usava na noite do crime. Para a Justiça, ela disse estar com uma camiseta branca da Polícia Civil e o namorado com um moletom escuro. Imagens mostram, em outro momento, que – na verdade – era o namorado dela que estava com a camiseta de identificação policial.

“Fica claro que ambos (Kátia e o namorado) queriam confundir as pessoas, a intenção deles, naquele momento, é que os dois se passassem por pessoas a serviço do Estado, até por conta do horário elevado. O que fica claro é que ambos estavam trajando roupas oficias, a intenção era que se passassem por policiais, tanto que as pessoas que prestaram compromisso perante à Justiça disseram de forma clara que eles eram dois policial. Ninguém imaginou que o namorado da Kátia não fosse policial e não tivesse qualquer porte policial, até porque ele andava em uma viatura descaraterizada do Estado e se portava como tal”, disse o advogado Ygor, da família da copeira.

Segundo o advogado, não há dúvidas de que o namorado de Kátia se passava por policial em diversas situações. “As pessoas podem ver que, em relatos passados, há depoimentos nos autos alegando que ele se passa por policial, de que se apresenta como policial. Inclusive, há um relato que eu tenho certeza que será investigado melhor e analisado, de que ele teria portado a arma dela e causado amedrontamento aos vizinhos, uma situação bem estranha. Isso teria acontecido anteriormente também em uma festa de confraternização, também em uma festa de empresa, em que ele teria ficado nervoso, em uma situação muito similar, em que ele teria portado a arma da policial, extremamente nervoso”, afirma o advogado da família da copeira,  Ygor Nasser Salah.

Histórico

Sobre o fato semelhante, a Banda B teve acesso a um documento oficial em que revela situação de ameaças e confusões entre a policial e o namorado contra os vizinhos, um ano antes da noite em que a copeira foi atingida.

Uma fonte ligada à reportagem contou que, em novembro de 2015, o namorado de Kátia se passou por policial para ameaçar as pessoas que participavam de um churrasco do escritório onde trabalhavam. Segundo ela, o homem chegou a efetuar um disparo e disse que mataria todo mundo se a festa não terminasse naquela hora. O companheiro da policial ainda teria saído com arma em punho e ameaçado pular o muro, mas os convidados conseguiram contornar a situação.

Embora essas situações acontecessem quando a policial estivesse acompanhada, para o advogado Ygor, não há dúvidas de que ela se sentiu encorajada pela presença do namorado e efetuou o tiro. “São situações que aconteciam com frequência. Não há dúvidas de que ela é a autora do disparo, ela confessa e não ha dúvidas disso. Qualquer coisa que aconteça para tirá-la do foco cairá por terra. A família dessa mãe precisa de respostas, o seu Francisco precisa que o ano de 2018 seja um momento de encerramento de processo e que ela vá a júri e seja condenada. Ela tirou a vida de uma trabalhadora que propagava o bem e fazia o bem para muitos que conviviam com ela”, finalizou.

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Rosaira foi atingida na cabeça e morreu dias depois. Foto: Reprodução

O crime

Rosaira participava de uma confraternização no dia 23 de dezembro de 2016, no Centro Cívico, quando foi baleada na cabeça. Ela chegou a ser socorrido e ficou internada no hospital, mas não resistiu e morreu no dia 1º de janeiro. Na Divisão de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), Kátia disse que se irritou com o barulho da festa, que ocorria ao lado de casa. O disparo teria sido feito da janela do apartamento dela.

A investigação da Polícia Civil apontou que Kátia fez mais de um disparo contra a festa em que a vítima estava. De acordo com a análise da Polícia Científica, uma das simulações mostra que a janela de Kátia é compatível com a trajetória da bala que atingiu a cabeça de Rosária. A investigação encontrou ainda um vídeo de monitoramento de uma empresa vizinha, que apontaria que a investigadora fez pelo menos dois tiros contra a festa e não um como afirmou em depoimento na DHPP. As imagens mostrariam clarões vindos da janela da policial.

Kátia foi indiciada pela DHPP pelos crimes de homicídio duplamente qualificado, motivo fútil e sem defesa pra vítima. O inquérito foi assinado pelo delegado Fábio Amaro.

Vídeo

Assista ao vídeo abaixo:

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