sexta-feira, 19 abril 2024
UMUARAMA/PR

Surto de ex-policial acende alerta: mil PMs estão afastados por atestado no PR

Surto de ex-policial acende alerta: mil PMs estão afastados por atestado no PR

Associação de Praças do Estado do Paraná critica falta de estrutura da Polícia Militar no atendimento à saúde dos profissionais

Na semana passada, moradores de Curitiba se chocaram com o surto psicótico de um ex-policial militar aposentado. O homem, de 76 anos, atirou mais de 60 vezes dentro da casa em que morava com a família, no bairro Mercês, em Curitiba. Ele manteve quatro familiares presos dentro do imóvel e só foi retirado do local por policiais após mais de quatro horas de negociação, no fim da noite da última segunda-feira (7). Por mais chocante que possa ser, casos assim têm crescido no Paraná. Nesta segunda-feira, por exemplo, mais um caso de policial com problemas psicológicos e psiquiátricos chamou a atenção: ele ameaçava se matar dentro do próprio carro, mas se entregou à polícia horas depois.

Segundo dados divulgados pela Associação de Praças do Estado do Paraná (Apra-PR), que defende os soldados da Polícia Militar do estado, surtos como esses representam 23% dos afastamentos médicos de policiais militares em atividade no Paraná. O presidente da associação, Orélio Fontana Neto, critica a estrutura da corporação por conta da falta de apoio profissional. Atualmente, são cerca de 1 mil policiais afastados com atestados médicos.

Participe do grupo de WhatsApp e receba todas as notícias em primeira mão. Clique aqui

“Os policiais têm problemas de saúde e não há amparo psicológico dentro da PM. Os profissionais procuram atendimento por fora, pegam atestado médico particular e esses documentos não são homologados na junta médica. Caso o policial seja reincidente, ele pode ser preso por desobediência ou deserção”, afirma o presidente da Apra-PR.

A advogada da APRA, Vanessa Fontana, classifica como ilegal a normativa da Corregedoria da PM. “Ela é ilegal porque tolhe o direito do policial de cuidar da sua saúde. Está previsto que o policial, após 15 dias de atestado, precisa se apresentar na juta médica”, explica. “Mas a normativa 005 criminaliza a saúde do policial, pois mesmo que ele não esteja em condições, ele se vê obrigado a voltar ao serviço, com farda e armamento. Isso não tem cabimento”, lamenta Fontana.

Em entrevista à Banda B, Marcelo Von Der Heyde, médico psiquiatra e vice-presidente da Associação Paranaense de Psiquiatria, avalia os problemas sofridos por militares. “Neste meio, eles estão sujeitos ao stress crônico, que é relacionado à depressão e ansiedade, e ao stress agudo, devido a grande frequência de situações graves em sua rotina”, analisa.

Serviço psicológico

A Polícia Militar do paraná se manifestou por meio de nota:

“A Polícia Militar possui serviço psicológico para os policiais militares. São 18 (dezoito) psicólogos, dos quais 08 (oito) atuam no Serviço de Ação Social da Diretoria de Pessoal – SAS/DP, 07 (sete) em unidades policiais militares (APMG, 1ºBPM, 4ºBPM, 13ºBPM, 14ºBPM, 16ºBPM e 4ºGB), mais 02 no Hospital da Polícia Militar e 02 (dois) na Junta Médica da Corporação. A Polícia Militar possui diversos programas voltados ao âmbito psicossocial dos militares estaduais, notadamente, as avaliações psicológicas preventivas nas unidades operacionais e o “Programa de Atenção Psicossocial a Policiais e Bombeiros Militares Envolvidos em Ocorrências de Alto Risco – PROAAR” e o Plantão Psicossocial.

No atendimento psicológico é possível esclarecer ao policial e bombeiro militar, quais são os efeitos psicofísicos do estresse e fenômeno “burnout”, seus traumas e consequências que poderão advir do envolvimento em ocorrência de alto risco, oferecendo orientação e informação, prevenindo e tratando as possíveis consequências, e, por fim, proporcionar bem-estar ao policial e bombeiro militar, para que seu desempenho não seja afetado em suas atividades, dentro e fora da organização.

São realizadas avaliações periódicas em favor de todo o efetivo de policiais militares e bombeiros militares para atestar sua higidez física e mental na ativa, para concorrer a cursos de aperfeiçoamento, promoções e operações na Força Nacional e na Organização das Nações Unidas, para a concessão de licenças, reformas, ressarcimentos de despesas por acidentes de serviço, e ainda, para a concessão de porte de arma para policiais militares inativos.

Os militares estaduais em tratamento psiquiátrico são imediatamente afastados das atividades profissionais operacionais, tendo seu porte de arma suspenso e sua arma recolhida na unidade policial militar e reavaliados periodicamente. Insta ressaltar que o retorno gradativo às atividades profissionais, notadamente administrativas, faz parte do processo de reabilitação da saúde mental, de qualquer profissional, seja de segurança pública ou não.

Os dados de policiais militares afastados por questões psiquiátricas são reservados”, diz a nota da PMPR.

Fonte:https://www.bandab.com.br

Mais lidas

Calor extremo tem data para acabar no Paraná; Umuarama deve ter mínima de 18ºC

A semana começou com previsão de chuva em várias regiões do país, bem como em...

Pedreiro invade casa, estupra e mata mãe e suas três filhas no MT

Uma chacina foi registrada na cidade de Sorriso (MT) neste final de semana. Cleci Calvi...

Diagnosticado pela 2ª vez com tumor cerebral, trabalhador rural faz vakinha para arrecadar R$ 43 mil

Após dois anos de tranquilidade, o trabalhador rural Rogério da Silva, de 39 anos, foi...

Notícias Relacionadas