sexta-feira, 19 abril 2024
UMUARAMA/PR

Nuvem de gafanhotos no Brasil pode ser combatida pelos Engenheiros Agrônomos

Nuvem de gafanhotos no Brasil pode ser combatida pelos Engenheiros Agrônomos

Profissionais têm competência técnica para atuar contra a praga. Crea-PR tem 18,2 mil Engenheiros Agrônomos registrados nesta modalidade, sendo que 2,7 mil estão no Noroeste. Em 2019, foram registradas 112 ART’s de pulverização aérea nas microrregiões de Maringá, Cianorte, Campo Mourão, Paranavaí e Umuarama.

Atualmente na Argentina e no Paraguai, a nuvem de gafanhotos ainda não tem sua vinda ao Brasil descartada pelas autoridades. Por conta disto, o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) e entidades como a Confederação dos Engenheiros Agrônomos do Brasil (Confaeab) se organizam para orientar o combate aos insetos. Neste sentido, o controle da praga pode ser feito por Engenheiros Agrônomos – profissionais com competência técnica para atuar no combate aos gafanhotos, que não oferecem riscos aos humanos, somente a atividade agrícola. Porém, a agente de fiscalização da Regional Maringá do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Paraná (Crea-PR), Engenheira Agrônoma Rosane Pereira Scapin, diz que a preocupação dos profissionais é que ainda não existe no Paraná e no Brasil defensivos agrícolas liberados para o controle da praga em nenhuma cultura.

Segundo Rosane, por este motivo os Engenheiros Agrônomos teriam dificuldades em realizar o combate da nuvem de gafanhotos por defensivos agrícolas sem a autorização do Governo Federal. “Embora tenhamos produtos agroquímicos com ingredientes ativos que controlam este inseto, não há registro – neste momento -, para as culturas existentes como o milho, trigo, aveia, citros, uva, etc. Portanto, os Engenheiros Agrônomos teriam dificuldades em realizar o combate por produtos químicos sem a autorização imediata do Ministério da Agricultura”, afirma.

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No Crea-PR são 18.249 Engenheiros Agrônomos registrados nesta modalidade. Deste total, 2.719 estão localizados na região Noroeste do Estado. Para a agente de fiscalização, neste momento o papel desses profissionais na agricultura é um dos mais importantes, porque eles podem orientar a melhor prática fitossanitária a ser aplicada, obedecendo os preceitos etioecotoxicológicos de cada região ocupada pelos insetos.

“Os Engenheiros Agrônomos têm a competência técnica necessária para combater os gafanhotos e fazer a prescrição do Receituário Agronômico de forma segura, evitando dano ao meio ambiente”, destaca. O documento contém informações sobre o uso racional de defensivos agrícolas na produção. Já a atuação do Conselho é focada na fiscalização do exercício profissional em defesa da sociedade, que busca consumir um alimento seguro, produzido com respeito ao meio ambiente.

Na região Noroeste, de acordo com a Engenheira Agrônoma, a nuvem de gafanhotos pode acabar com as culturas de inverno, como o trigo e a aveia, que estão em pleno desenvolvimento em julho. Ela diz que a prescrição do receituário evita a aplicação incorreta e indiscriminada de defensivos agrícolas, pois cabe apenas aos Engenheiros Agrônomos decidir quando e de que forma efetuar o controle, que terá que ser feito por pulverização aérea. Neste contexto, o Estado tem 22 empresas de aviação agrícola autorizadas para executar o serviço contra a nuvem de gafanhotos. Em 2019, foram registradas 112 ART’s de pulverização aérea nas microrregiões de Maringá, Cianorte, Campo Mourão, Paranavaí e Umuarama.

A ART é a sigla de Anotação de Responsabilidade Técnica, documento que define legalmente o profissional, seja ele Engenheiro, Agrônomo, profissional das Geociências, tecnólogo ou técnico, responsável pelas atividades técnicas da obra ou serviço que está sendo executado. O documento caracteriza legalmente os direitos e obrigações entre profissionais e contratantes, garante os direitos autorais do profissional, comprova a existência do contrato entre as partes e define os limites da responsabilidade técnica.

Sobre o assunto, o gerente da Regional Maringá do Crea-PR, Engenheiro Hélio Xavier da Silva Filho, explica que como em toda situação de pulverização aérea cabe adequada seleção de agroquímico, o cálculo da dispersão e quantidade correta do produto. “É quando entra a expertise dos Engenheiros Agrônomos, que são os responsáveis técnicos pelas empresas de aviação agrícola e pela prescrição do Receituário Agronômico”.

O inspetor na região Noroeste do Crea-PR, Engenheiro Agrônomo Ramael Lázaro Luiz, reforça que a aplicação errada dos produtos químicos durante o combate da praga pode provocar diversos danos ambientais e à população de forma geral. “Uma pulverização aérea feita sem a orientação de um profissional habilitado pode contaminar rios e riachos e até causar a intoxicação de pessoas que moram próximas às áreas pulverizadas. Por isto, o Ministério da Agricultura está em alerta contra a nuvem e nós, profissionais da área, estamos preparados para agir de maneira consciente, caso os gafanhotos venham para o país”, ressalta.

No Manual de Orientação sobre Receituário Agronômico, Uso e Comércio de Defensivos Agrícolas editado pelo Crea-PR em parceria com a Agência de Defesa Agropecuária do Paraná (Adapar), tem mais informações: . Além dos princípios básicos e das orientações para prescrição de receitas, o documento também lista as principais infrações verificadas pela Adapar na fiscalização do comércio e uso de defensivos no Estado.

A nuvem de gafanhotos
Os primeiros alertas da nuvem de gafanhotos nos países vizinhos ao Brasil são do dia 11 de maio, segundo o Serviço Nacional de Saúde e Qualidade Agroalimentar da Argentina (Senasa). Os insetos entraram na Argentina por meio do Paraguai. A extensão inicial da nuvem era de 20 km², com cerca de 40 milhões de gafanhotos da espécie Schistocerca cancellata, que voam até 150 quilômetros por dia. Eles devastam pomares, pastagens e lavouras de grãos, causando sérios prejuízos para a agropecuária, além de danos ao meio ambiente. Por isso, os produtores rurais estão tão apreensivos. No Brasil, o monitoramento é feito pelo Ministério da Agricultura.

Ainda de acordo com o mapa de deslocamento da praga publicado pelo Senasa, existe a possibilidade desta nuvem atingir o Brasil pela região Sudoeste do Estado do Rio Grande do Sul (RS), oeste de Santa Catarina (SC) e Paraná (PR), podendo chegar até o Sul do Mato Grosso do Sul (MS). Neste caso, os gafanhotos escapariam das baixas temperaturas e chuvas que o sistema meteorológico prevê na região Sul do Brasil. Se chegar ao MS, o potencial de dano seria elevado em decorrência das temperaturas mais elevadas e baixa umidade relativa do ar no mês de julho.

Crea-PR
O Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Paraná, criado no ano de 1934, é uma autarquia responsável pela regulamentação e fiscalização dos profissionais das áreas das engenharias, agronomias e geociências. Além de regulamentar e fiscalizar, o Crea-PR também promove ações de orientação e valorização profissional por meio de termos de fomentos disponibilizados via Editais de Chamamento.

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